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sábado, 5 de novembro de 2011

Suas Majestades, Linda e Dircinha Batista

Por Wipsley Mesquita


Dircinha e Linda - Anos 1950


Duas personagens fundamentais na história da música popular brasileira que se firmou através do rádio, Linda e Dircinha Batista foram um dos melhores casos de sucesso em família. Eram filhas de João Batista Júnior, compositor, cantor, comediante e ventríloquo de sucesso nas primeiras décadas do século XX. Paulistanas do bairro da Mooca, ambas talentosas, expressivas e reconhecidas por público e crítica, com o passar do tempo terminaram num dos piores e trágicos ostracismos que a memória brasileira sabe tão bem produzir.

Linda (Florinda Grandino de Oliveira), a irmã mais velha, começou cantando muito jovem, com a irmã mais nova acompanhando-a ao violão. Em 1936 estreou o filme "Alô, alô, Carnaval!", no qual aparece juntamente com os principais nomes do show bizz brasileiro de então e alcançou grande aceitação popular após apresentações no rádio. No ano seguinte, foi a primeira cantora eleita Rainha do Rádio, título com o qual ficou por onze anos até passa-lo para Dircinha. Crooner do Cassino da Urca até 1946, Linda foi contratada pela Rádio Nacional, onde teve seu próprio programa, "Coisinha Linda". Seus sucessos mais lembrados são os sambas-canção "Vingança" e "Risque". Na década de 1960, com o declínio do rádio, afastou-se gradativamente do meio artístico, apresentando-se e gravando menos.

Dircinha (Dirce Grandino de Oliveira) foi sempre descrita como "criança prodígio" devido à precocidade de seu ingresso no mundo artístico. Antes mesmo de completar dez anos de idade, já havia participado dos shows do pai, vários festivais e programas de rádio, além de gravar seus primeiros discos. "Periquitinho verde", do carnaval de 1938, foi seu primeiro grande sucesso; outras músicas mais lembradas são "Tirolesa", "A índia vai ter neném", "Inimigo do batente", "Alguém como tu" e "Se eu morresse amanhã de manhã". Apesar de menos popular do que a irmã, possuía maior controle da voz e afinação. Coroada Rainha do Rádio de 1948, participou de diversos filmes, trabalhou como atriz de teatro nos anos 1950 e foi contratada da TV Tupi nos anos 1960. A partir, sobretudo da década de 1970, foi pouco a pouco se retirando da vida artística.

Sob intervenção do regime militar, a Rádio Nacional já não convidava as irmãs Batista por conta da aproximação que ambas tiveram anteriormente com os governos de Getúlio Vargas e também de João Goulart, figuras políticas que representavam interesses opostos à nova situação. Nos anos 1980, as cantoras foram auxiliadas pelo cantor José Ricardo, enquanto este pôde, uma vez que estavam em sérias dificuldades financeiras. Com o agravamento da depressão que ambas sofriam, recusaram boas propostas e caíram num estado deplorável de vida. Linda faleceu em 1988, após complicações com alcoolismo e Dircinha em 1999, num sanatório psiquiátrico.

Aqui vão alguns breves, porém maravilhosos registros destas duas grandes artistas que enriquecem a música brasileira. No presente, pois o que é bom de verdade sobrevive às agruras das modas e dos esquecimentos. Salve as Rainhas do Rádio!


Linda Batista, "O maior samba do mundo" - 1958

Dircinha Batista, "Não se aprende na escola" - 1950

Um comentário:

  1. Realmente oq é bom de verdade sobrevive,e salve as nossas rainhas do radio,rs

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