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domingo, 20 de novembro de 2011

Marlene - "Me deram voz e não fica bem eu calar"

Por Wipsley Mesquita


Marlene - 1951

Quem pesquisa a história da música brasileira, com certeza deve ficar impressionado ao se deparar com obras valiosíssimas, artistas de enorme talento que, hoje, pouco ou nada recebem de atenção, não só da mídia, mas pior: da memória popular. Há personalidades tão fora do comum, que fazem de sua arte e de sua vida algo tão intrínseco à história cultural de seu país, que se tornam mitos. Marlene é um mito. Cantora dona de uma trajetória tão rica e sintomática de seu tempo que causa admiração ao ser (re)descoberta em nossos dias atuais, pois constatamos o quão atual é a sua obra.

Paulistana do bairro da Bela Vista, filha caçula de imigrantes italianos, Victoria Bonaiutti de Martino se consagrou em nossa música como Marlene, nome que lhe deram seus colegas estudantes quando ela ainda cantava como amadora na Rádio Bandeirantes. Sua estreia profissional foi em 1940 na Rádio Tupi,  escondida da família e, decidida a crescer como cantora partiu para o Rio de Janeiro onde trabalhou nos mais badalados cassinos, casas de show e rádios de prestígio na época, até chegar à Rádio Nacional em 1948. Através desta emissora, Marlene se tornou uma estrela e, após ser coroada a Rainha do Rádio de 1949, foi lançada como ídolo nacional. Uma época em que os cantores do rádio de fato reinavam soberanos de talento que hoje pouco se conhece, em corações do Brasil inteiro. Já virou lenda a eterna rivalidade entre seus fãs e os de Emilinha Borba, o grande nome do rádio brasileiro. Os eufóricos fãs que cercavam a Rádio Nacional aos gritos de "É a maior!" ou ainda "Acode! Acode! Acode! Com Marlene ninguém pode!" foram as testemunhas de que a tietagem pelo ídolo não é coisa de hoje somente. Também atriz, Marlene participou de muitas peças e filmes - muitas montagens antológicas e produções históricas, diga-se de passagem.

Marlene no auditório da Rádio Nacional - Anos 1950

Marlene sofreu, como outros artistas de sua geração, as adversidades que o tempo trouxe. Os novos movimentos musicais, o declínio do rádio, a intervenção política dos militares... Contudo, a verdade é que poucos de sua geração souberam enfrentar essas mudanças como ela. Marlene se reinventou, não parou. Ela não é apenas a "cantora do rádio", ainda que seu auge tenha sido os anos 1950. Em 1968, no espetáculo "Carnavália", deu nova guinada em sua carreira cantando a história do Carnaval. Na década de 1970, aproximou-se de compositores como Chico Buarque, Gonzaguinha e Caetano Veloso, entre outros, entrando para a frente de artistas que através da música disseram não ao regime ditatorial. Ficou muitos anos sem gravar trabalhos solos, pagou os preços do quase esquecimento dos grandes veículos, mas criou uma trajetória única, que só essas figuras lendárias possuem.

Marlene defendendo "Carangola" no VII Festival Internacional da Canção - 1972

É comum ouvir, sobretudo de pessoas mais velhas, que o Brasil não tem memória, que a música de hoje não presta etc. Fatalismos que cansam e em nada ajudam, pois são produtos do saudosismo. O bom e o ruim sempre existiram na música, não há que duvidar e, de fato, vamos combinar que a mediocridade se levanta e faz a festa com uma frequência absurda. Mesmo assim, ainda há o bom e há aqueles que mantêm vivo o interesse e o amor pelo que de bom nós produzimos. O tempo muda, as condições se transformam, mas o legado de pessoas como Marlene é eterno. Cabe a quem quiser pesquisar e divulgar, e eu quero!

Marlene em sua casa - 2009. Na próxima terça, 22/11/2011, completará 89 anos.

Vou terminando esse texto, que acabou tomando forma de homenagem e protesto... Afinal, como diz a música de Maurício Tapajós e Hermínio Bello de Carvalho ("Queixa", feita para Marlene): "Me deram voz e não fica bem eu calar"! E onde cabe uma citação, cabem duas: como afirmou Carmélia Alves, outra grande intérprete da nossa música popular, Marlene "é uma das cantoras mais poderosas do século". Mas para entender isso, é preciso mais do que um mero texto sobre ela, é preciso ouvi-la, é preciso vê-la. Pois Marlene é alegria, tristeza, revolta, festa e poesia em música e movimento.

"Apito no samba" (1958-59)

"Galope" (1974)

"Badaladas / Boas festas / Good bye, boy" (1977)

sábado, 5 de novembro de 2011

Suas Majestades, Linda e Dircinha Batista

Por Wipsley Mesquita


Dircinha e Linda - Anos 1950


Duas personagens fundamentais na história da música popular brasileira que se firmou através do rádio, Linda e Dircinha Batista foram um dos melhores casos de sucesso em família. Eram filhas de João Batista Júnior, compositor, cantor, comediante e ventríloquo de sucesso nas primeiras décadas do século XX. Paulistanas do bairro da Mooca, ambas talentosas, expressivas e reconhecidas por público e crítica, com o passar do tempo terminaram num dos piores e trágicos ostracismos que a memória brasileira sabe tão bem produzir.

Linda (Florinda Grandino de Oliveira), a irmã mais velha, começou cantando muito jovem, com a irmã mais nova acompanhando-a ao violão. Em 1936 estreou o filme "Alô, alô, Carnaval!", no qual aparece juntamente com os principais nomes do show bizz brasileiro de então e alcançou grande aceitação popular após apresentações no rádio. No ano seguinte, foi a primeira cantora eleita Rainha do Rádio, título com o qual ficou por onze anos até passa-lo para Dircinha. Crooner do Cassino da Urca até 1946, Linda foi contratada pela Rádio Nacional, onde teve seu próprio programa, "Coisinha Linda". Seus sucessos mais lembrados são os sambas-canção "Vingança" e "Risque". Na década de 1960, com o declínio do rádio, afastou-se gradativamente do meio artístico, apresentando-se e gravando menos.

Dircinha (Dirce Grandino de Oliveira) foi sempre descrita como "criança prodígio" devido à precocidade de seu ingresso no mundo artístico. Antes mesmo de completar dez anos de idade, já havia participado dos shows do pai, vários festivais e programas de rádio, além de gravar seus primeiros discos. "Periquitinho verde", do carnaval de 1938, foi seu primeiro grande sucesso; outras músicas mais lembradas são "Tirolesa", "A índia vai ter neném", "Inimigo do batente", "Alguém como tu" e "Se eu morresse amanhã de manhã". Apesar de menos popular do que a irmã, possuía maior controle da voz e afinação. Coroada Rainha do Rádio de 1948, participou de diversos filmes, trabalhou como atriz de teatro nos anos 1950 e foi contratada da TV Tupi nos anos 1960. A partir, sobretudo da década de 1970, foi pouco a pouco se retirando da vida artística.

Sob intervenção do regime militar, a Rádio Nacional já não convidava as irmãs Batista por conta da aproximação que ambas tiveram anteriormente com os governos de Getúlio Vargas e também de João Goulart, figuras políticas que representavam interesses opostos à nova situação. Nos anos 1980, as cantoras foram auxiliadas pelo cantor José Ricardo, enquanto este pôde, uma vez que estavam em sérias dificuldades financeiras. Com o agravamento da depressão que ambas sofriam, recusaram boas propostas e caíram num estado deplorável de vida. Linda faleceu em 1988, após complicações com alcoolismo e Dircinha em 1999, num sanatório psiquiátrico.

Aqui vão alguns breves, porém maravilhosos registros destas duas grandes artistas que enriquecem a música brasileira. No presente, pois o que é bom de verdade sobrevive às agruras das modas e dos esquecimentos. Salve as Rainhas do Rádio!


Linda Batista, "O maior samba do mundo" - 1958

Dircinha Batista, "Não se aprende na escola" - 1950

Henfil, a ditadura e os dois enterros de Elis Regina

Betinho - Irmão do Henfíl
 Em poucos anos, Elis sai do Inferno para o Paraíso. Ao Inferno, ela chega ao ser “enterrada” no Cemitério dos Mortos-Vivos do Cabôco Mamadô – para onde o cartunista Henfil, no semanário O Pasquim, mandava pessoas que, na opinião dele, colaboravam com a ditadura militar no início da década de 70. Ao Paraíso, Elis ascende ao liderar um grupo de artistas de esquerda (Fagner, Belchior, Gonzaguinha, João Bosco, Macalé e Carlinhos Vergueiro, entre outros), que faz vários shows para levantar dinheiro para o Fundo da Greve do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo, no ABC paulista, em 1979.

Essa vivência política é um lado pouco conhecido de Elis Regina — que, aos 18 anos, foi sozinha para o Rio de Janeiro, onde chegou a morar num quarto-e-sala na Rua Barata Ribeiro, 200, em Copacabana (um prédio tipo balança-mas-não-cai, celebrizado numa peça de teatro, Um Edifício Chamado 200, de Paulo Pontes).

Em 1965, acontece o estouro: Elis vence o 1º Festival de Música Popular, da TV Excelsior, com Arrastão, de Edu Lobo e Vinicius de Moraes. Elis fez pelo menos três shows antológicos: Falso Brilhante (1975),Transversal do Tempo (1977) e Saudade do Brasil (1980). Dos seus discos, a maioria de qualidade acima da média — o melhor é o que gravou com Tom Jobim, em 1974, nos EUA, considerado uma obra-prima, mesmo por quem não gosta de Elis Regina.

Por causa do seu gestual no palco, agitando os braços como se nadasse de costas, Elis foi chamada de Elis-Cóptero e Élice-Regina, mas o apelido que pega, mesmo, é o que lhe dá Vinicius: Pimentinha. Sim, porque, dali em diante, já como estrela conhecida no país inteiro, ela iria, por assim dizer, apimentar muitos aspectos da vida cultural brasileira, durante praticamente duas décadas.


Do cemitério à anistia

O episódio mais apimentado da vida de Elis, sem dúvida, foi o seu “enterro” no Cemitério do Cabôco Mamadô. Lá, ela fez companhia a gente como Wilson Simonal, Amaral Neto (um deputado carioca de direita, defensor da pena de morte e alcunhado de Amoral Nato) e Flávio Cavalcanti (um apresentador de TV que liderou, metralhadora na mão, a invasão e depredação do jornal Última Hora, no Centro do Rio de Janeiro, logo no início de abril de 1964).


Elis foi “enterrada” por Henfil por duas atitudes em relação ao governo federal, na época chefiado pelo ditador-de-plantão, general Garrastazu Médici, o mais sanguinário dos militares-presidentes. Primeiro, foi a gravação de uma chamada veiculada em todas as TVs, a partir de abril, conclamando o povo a cantar o Hino Nacional no dia 7 de setembro de 1972. Foi o ano do Sesquicentenário da Independência, uma data que a ditadura aproveitou ao máximo (inclusive com a organização de uma Mini-Copa de futebol, vencida pela Seleção Brasileira).

Vários outros artistas também apareceram em chamadas de TV, promovendo a Olimpíada do Exército, em filmes produzidos pela Assessoria Especial de Relações Públicas da Presidência da República. A AERP foi uma reedição atualizada do DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda) do Estado Novo (1937-1945). Por isso, Marília Pêra, Paulo Gracindo, Tarcísio Meira e Glória Menezes, entre outros, também foram “enterrados”.

A segunda atitude de Elis que provocou a ira-santa de Henfil (e um segundo “enterro...”) foi a apresentação dela na Olimpíada da Semana do Exército, em setembro do mesmo ano, 1972.

Hoje, mais de 30 anos depois do Cemitério do Cabôco Mamadô do Pasquim, é preciso entender aqueles tempos-de-chumbo para compreender a postura radical de Henfil. Vivia-se um momento de intensa repressão política. Mas a razão principal do “enterro” de Elis está no próprio Henfil — um artista engajado que não fazia concessões, e pagou por isso —, que tinha um irmão exilado, o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, um militante que fugiu do Brasil para não ser assassinado pelos órgãos de segurança.

E Betinho, indiretamente, teve a ver com um dos motivos para a passagem de Elis do Inferno para o Paraíso: a gravação, em março de 1979, de uma das músicas politicamente mais engajadas da MPB, O Bêbado e a Equilibrista. De João Bosco e Aldir Blanc, a música foi uma espécie de hino de um dos mais importantes movimentos políticos da História do Brasil: a luta pela anistia ampla, geral e irrestrita.

A campanha foi lançada em janeiro de 1978, com a criação do Comitê Brasileiro de Anistia (CBA), no Rio de Janeiro. O Bêbado e a Equilibrista — que emociona até hoje, fala na “volta do irmão do Henfil”. Na época, Betinho — que, como Henfil e o outro irmão, Francisco Mário, era hemofílico e pegou aids numa transfusão de sangue — estava no México, esperando, justamente, a anistia.





Elis e Henfil: cara-a-cara

O “coveiro” Henfil e sua “defunta” Elis acabaram se encontrando, por iniciativa dela. Sobre esse momento, Henfil deu, três anos depois da morte da cantora, um depoimento tão sincero quanto comovente a Regina Echeverria, autora de Furacão Elis (Nórdica, Rio de Janeiro, 1985). O cartunista não pediu desculpas por tê-la “enterrado”, mas se arrependeu. Os dois acabaram amigos sinceros, trabalharam juntos e se falaram até dois meses antes da morte da cantora. Com a palavra, Henfil:


“Foi igualzinho a hoje. De repente, os artistas são arrebanhados pelo Governo, só que — eu não sabia — debaixo de vara, de ameaças, para fazerem uma campanha da Semana do Exército. O que eu vi, na realidade, foi o comercial de televisão. Me aparece o Roberto Carlos dizendo: ‘Vamos lá, pessoal, cantar o Hino Nacional’. E, de repente, a Elis surge regendo um monte de cantores, de fraque de maestro, regendo o Hino Nacional. E nessa época nós estávamos no Pasquim e eu, mais que os outros, contra-atacando todos aqueles que aderiram à ditadura, ao ditador-de-plantão. (…). Eu só me arrependo de ter enterrado duas pessoas — Clarice Lispector e Elis Regina. (…) Eu não percebi o peso da minha mão. Eu sei que tinha uma mão muito pesada, mas eu não percebia que o tipo de crítica que eu fazia era realmente enfiar o dedo no câncer. Quando nos encontramos anos depois, (…) fomos jantar numa cantina perto do Teatro Bandeirantes e ela fez questão de sentar na minha frente. (…) De repente, ela começou a falar: ‘Pô, bicho, eu te amo tanto, bicho, te gosto tanto’. E eu já não estava gostando dessa história de ‘bicho’, porque eu não gostava do jeito que ela falava, nunca gostei. Daí me irritei e disse: ‘Elis, o que você está querendo dizer com isso?’. Aí, ela começou a chorar. As pessoas na mesa enfiaram a cara no prato, todos sabiam o que eu tinha feito, só eu não sabia. Ela disse: ‘Pô, você me enterrou’, e começou a me esculhambar, dizendo que aquilo foi uma covardia, que ela estava ameaçada. (…) Elis nunca me perguntou se eu estava atacando porque ela estava defendendo um regime militar que queria matar meu irmão. (…) Resolvi engolir. Ela terminou de falar, entendeu meu subtexto: ‘Tá, Elis, eu aceito’. (…) Evidente que os militares estavam pressionando o país inteiro. Eu sabia disso, os militares faziam censura prévia no meu jornal (Pasquim), presença física, todo dia. (…) Então, tinha todo o direito de criticar uma pessoa que ia para a televisão se entregar. Eu não mudei em nada e ela percebeu isso. (…)"

"Ela tinha a preocupação de me provar que tinha mudado. Que continuava uma pessoa de confiança ideologicamente. (…) Como se eu fosse inspetor de quem não é de esquerda. Aí, mandava dinheiro: do show que fez no Canecão, inclusive para que eu entregasse aos grevistas de São Bernardo. (…)"


No enterro, uma roupa censurada

 A atividade política de Elis Regina não se limitou apenas aos shows para os grevistas do ABC ou à gravação do Hino da Anistia. Por exemplo: ela se engajou no esforço de vários artistas para saber o paradeiro do pianista Tenório Júnior, que fazia uma excursão a Buenos Aires, acompanhando Vinicius de Moraes e Toquinho. O músico foi preso na rua, em março de 1976 – sem documento, quando ia a uma farmácia comprar remédio para asma – possivelmente confundido pela repressão argentina com um guerrilheiro.

Elis casou duas vezes (com o compositor Ronaldo Bôscoli e com o músico César Camargo Mariano), e teve três filhos (o músico e produtor João Marcelo Bôscoli e os cantores Pedro Mariano e Maria Rita). Morreu em São Paulo por overdose de cocaína, às 11h45 do dia 19 de janeiro de 1982. O velório foi no Teatro Bandeirantes, por onde passaram mais de 60 mil pessoas.

No dia seguinte, 20 de janeiro, Elis é enterrada no Cemitério (de verdade) do Morumbi. Seu corpo vestia uma roupa que ela foi proibida, pela Censura, de usar no show Saudade do Brasil – uma camiseta com um desenho da Bandeira do Brasil onde, no lugar do “Ordem e Progresso”, estava escrito: ELIS REGINA.

Quer dizer: Elis Regina Carvalho Costa, politicamente falando, riu por último ao ser enterrada com a roupa censurada. Tanto que, hoje, é lembrada pela música O Bêbado e a Equilibrista e a anistia, e não pela sua “passagem” pelo Cemitério dos Mortos-Vivos do Cabôco Mamadô do irmão do Betinho.





FONTE: ASSIM (Associação de Interpretes e Músicos)

Ele nunca foi ao Jaçanã...


Cantor e compositor de música popular brasileira, conhecido popularmente como "cantor de malocas", personagem criado e vivido por João Rubinato, verdadeiro nome de Adoniran, nascido em Valinhos, interior de São Paulo em 06 de agosto de 1910. e falecido em 23 de novembro de 1982, aos 72 anos de idade.

Além das carreiras descritas acima, também seguiu a profissão de humorista e ator. Seu primeiro emprego foi de entregador de marmitas, depois, vendedor de tecidos até iniciar em programas de calouros nas rádios. Filho de imigrantes italianos, Adoniran cantava em suas músicas a vida e o cotidiano do típico cidadão paulistano, sua vida sofrida e miserável, com bom humor e realidade.

Considerado um grande colecionador de amigos, tinha um jeito simples de ser, de fala rouca. Foi um contador de histórias nato, conquistou a população dos bairros e, principalmente os freqüentadores de botecos, lugar onde compunha suas músicas.

O cantor tem seu nome associado ao bairro do Jaçanã pela sua canção "O Trem das Onze", embora tenha sido morador do bairro do Bexiga, e segundo ele " Nunca fui ao Jaçanã, só faltou rima pra música", assim tornou-se motivo de orgulho para os habitantes do Jaçanã tanto pela música quanto pelos filmes.